Aumentam mortes de homens por câncer

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Delmo, que sofreu com um linfoma agressivo em 2015, e a filha.

Geraldo Delmo Teixeira tem 68 anos e hoje é aposentado. Em 2015, pode-se dizer que ele reviveu. Entre dezembro de 2014 e fevereiro do ano seguinte, Delmo, como é chamado, viveu uma saga para descobrir um grave linfoma, que é o câncer nos linfonodos.

“Eu sentia uma terrível dor na coluna. Fiz radiografias, tomografias e nada apontava. Até que um médico me deu uma injeção que era para amenizar a dor, mas piorou. Fui para Brasília consultar com um médico amigo. Fiz cerca de 8 exames. Em um deles, foi constatado o linfoma”, conta o motorista aposentado.

Ele está curado há mais de 1 ano. O tratamento foi rápido – foram necessárias 8 sessões de quimioterapia. “Eu fiquei preocupado no início, mas não desesperei. Depois de a primeira quimio, minha dor reduziu drasticamente”, afirma.

Mas Geraldo teve sorte, porque em 2013, 12 homens morreram por câncer de brônquios, traqueia e pulmões, representando 14% das mortes masculinas pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), por neoplasias. No ano seguinte, o número caiu para 9, refletindo 10,4%. Porém, em 2015 voltou a subir: 15 óbitos, representando 15,6% das mortes por algum tipo de câncer. Este levantamento é do DataSUS, fornecido pela Secretaria de Saúde de Cuiabá.

O oncologista Wilson Garcia afirma que a causa básica de números elevados de mortes por câncer de brônquios, traqueia e pulmões é, 90%, o cigarro. “Existem de 2 a 3 homens fumantes para 1 mulher fumante. E este câncer é silencioso, mas um dos mais violentos. Normalmente, quando descoberto já está em estado avançado”, explica.

Ilustra ainda o levantamento do órgão “demais localidades”, cujo ranking é 64% (2013), 73,2% (2014) e 67,8% (2015). “Câncer na garganta acomete muito os homens, também por causa do tabaco”, explica o médico.

Por outro lado, apesar de o câncer de próstata ser o que mais acomete os homens, é o que menos mata: em 2013 foram 6 óbitos; no ano seguinte, 3; em 2015 nenhum registrado por essa causa. “Em Mato Grosso, a estimativa é que em 2015 houve mil casos de câncer de próstata. Entretanto, o rastreamento é mais fácil de ser feito no início e, quando nisso acontece, há 90% de chances de cura”, informa o oncologista. 
Os dados do DataSUS apontam que as mortes por câncer de esôfago também aumentaram: de 7% em 2013 e em 2014, saltou para 11,4% em 2015, com 11 vítimas.

Prevenção

O médico afirma que os homens estão mais preocupados comparando-se às décadas passadas, mas ainda longe do ideal. “Ainda há muito machismo, muito preconceito por parte dos homens. Exame de toque ainda é um terror”, afirma Garcia.

Além disso, quem depende do SUS sofre mais ainda. “Há uma grande dificuldade de exames preventivos serem realizados pelo SUS. Uma biópsia, por exemplo, leva meses. Exames mais específicos, então, são mais complicados ainda de conseguir”, lamenta.

Quem já sofreu com a descoberta de um câncer, dá a dica: “Eu falo que depois dos 50 anos, toda dor é muito séria. Qualquer coisa que eu sinto, corro para um médico. Todos poderiam seguir o exemplo. Eu gosto ainda mais da vida”, diz Geraldo.

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