Servidores dos Correios fazem greve após morte cerebral de colega infectado no trabalho

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CELLY SILVA( O independenteMT )

Cerca de 250 trabalhadores que atuam no Central de Tratamento dos Correios em Várzea Grande estão com suas atividades paralisadas desde a manhã desta terça-feira (28), em protesto contra as péssimas condições de higiene do local de trabalho, que levaram à morte cerebral do funcionário Celso Luis Gomes, 47 anos, no último domingo (26).

Celso está há 15 dias internado em estado grave no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, e acabou sofrendo morte cerebral por conta de neurocriptococose, um fungo encontrado nas fezes de pombos e que ataca o sistema nervoso central. Amigos e familiares apontam que a infecção se deu no local de trabalho.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Sintect-MT), Edmar Leite, nenhuma providência efetiva foi feita até o momento. “É uma questão de falta de condições de trabalho e a direção dos Correios, até agora, ofereceu soluções paliativas. Disseram que vão colocar telas em quatro das 28 portas que estão sem proteção aqui no prédio, mas, a gente sabe que isso é insuficiente”, disse ao site O Independente.

Por conta disso, a categoria promete continuar paralisada até que a diretoria geral dos Correios garanta um ambiente adequado. “A gente está aguardando uma ligação de Brasília. Já que daqui não resolveu, a gente está negociando direto com a Vice-Presidência da empresa para ter um encaminhamento. Enquanto não tem, a greve continua. Amanhã a greve continua porque aqui, pelo jeito, não vai encaminhar nada”, afirma

O centro de tratamento, segundo o Sintect, é insalubre por conta da presença de pombos, escorpiões e ratos. O que mais revoltou os trabalhadores foi o fato de que nenhuma providência havia sido tomada pelos Correios, mesmo após a internação do funcionário, permitindo que os demais continuassem trabalhando no prédio.

“Infelizmente, temos um companheiro com morte cerebral. A empresa está dizendo que deu assistência. A única que nós temos é o plano de saúde que foi conquistado com luta. Então, ele está sendo atendido pelo plano de saúde. A assistente social da empresa só ligou para a família para saber como estava. Na realidade, quando o médico identificou a doença da neurocriptococose, quando a esposa dele veio trazer para o chefe do Centro de Tratamento, o Paulo Machado, ele disse que não podia fazer nada”, relatou Edmar.

A entidade afirma ainda que a reclamação sobre as condições do local de trabalho são antigas junto à diretoria da empresa. Em 2014, inclusive, uma denúncia foi feita junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e, mesmo assim, nenhuma solução teria sido apontada.

Outro lado

O Independente entrou em contato com a assessoria de imprensa dos Correios, que não enviou posicionamento até o fechamento desta matéria. 

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