Fotógrafo do site Olhar Direto é detido durante operação; repórter também foi abordado

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CELLY SILVA

O repórter fotográfico do site Olhar Direto Rogério Florentino passou a manhã desta quarta-feira (29) detido, enquanto exercia sua profissão na cobertura da operação Pérfido, deflagrada pela Polícia Civil contra fiscais de tributos municipais de Várzea Grande.

Ao site O Independente, Rogério Florentino, que mora em Várzea Grande, relatou que estava indo para o trabalho quando recebeu uma ligação da chefia o orientando a voltar e ir para a Prefeitura de Várzea Grande acompanhar a operação.

Ao chegar lá, ele conta que viu uma viatura e resolveu segui-la porque imaginou que se tratava de algum preso na operação. Nos fundos da Prefeitura, que também dá acesso aos fundos do Fórum, ele se apresentou como profissional da imprensa ao agente prisional e perguntou se o preso que ele conduzia tinha relação com a investigação da “Pérfido”.

O agente prisional teria respondido: “Sai daqui porque eu posso te dar um tiro” e mandou Rogério levantar a camiseta. Rogério obedeceu a ordem, mas, novamente questionou o motivo daquela abordagem e explicou que estava fazendo uma cobertura jornalística. Mas ele afirma que novamente foi tratado com brutalidade pelo agente e, sentindo-se ameaçado, o fotografou. Foi quando o agente lhe deu voz de prisão com o argumento de que aquele era um local restrito da segurança e chamou a sargento que atua no Fórum.

Ao interrogar o que Rogério estava fazendo, ele explicou que estava trabalhando na cobertura da operação. Ela pediu algum documento de identificação. Rogério abriu a carteira para pegar sua carteira da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a policial teria visto a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e perguntou se ele era advogado. Rogério explicou que sim, mas que estava lá enquanto profissional da imprensa. No entanto, a abordagem da PM mudou e ela então disse que ele seria detido, sem dizer o motivo.

Ao chegar em uma sala dentro do Fórum, o fotógrafo telefonou para o secretário de Estado de Segurança Pública Rogers Jarbas, que afirmou que tomaria providências. Em seguida, dois policiais do 4º Batalhão da PM chegaram e levaram Rogério para a Central de Flagrantes.

Nesse ínterim, Rogério também telefonou para o colega de site, o jornalista Jardel Arruda, e pediu que ele fosse para a frente do Fórum e fizesse imagens de sua prisão.

Conforme Jardel Arruda relatou ao site O Independente, quando recebeu a ligação de Rogério, ele estava na Prefeitura de Várzea Grande, também acompanhando a operação. Ele se dirigiu até a entrada do fórum e aguardou a saída do colega, quando foi abordado pela policial militar, que lhe disse para não fotografar naquele local.

Em seguida, Rogério saiu acompanhado dos policiais e Jardel tirou foto. Mas ele também acabou sendo alvo dos militares, que teriam dito: “Se ele está com o outro, vai ir preso também!”.

Os policias foram na direção de Jardel, que colocou as mãos para trás a fim de demonstrar que não estava interessado em fazer nada de errado. Rogério, ao ver a ação, sacou o celular do bolso e começou a filmar a abordagem contra Jardel, mas outro policial tomou o celular de sua mão.

Ao ver a confusão formada, Rogério falou para Jardel ir embora antes que também fosse preso e este seguiu a orientação e voltou para a cobertura da operação na Prefeitura.

Na delegacia, o fotógrafo afirma que foi novamente tratado de forma inadequada. Segundo ele, após esperar cerca de três horas, ele tentou ir ao banheiro, mas foi impedido por um delegado que não estava atuando no seu caso. O delegado teria dito que não era para Rogério “dar uma de engraçadinho” e mandou ele voltar a esperar ser chamado para depor, onde ficou por mais uma hora, até ser ouvido.

Rogério Florentino foi acompanhado pelo editor geral do Olhar Direto Lucas Bólico, na delegacia, de onde saiu já no período da tarde. 

Outro lado

De acordo com as assessorias de imprensa da Polícia Militar e da Polícia Civil, Rogério Florentino abordou agentes penitenciários que estavam fazendo a escolta de um preso e, por conta disso, os agentes falaram para ele se afastar por se tratar de um trabalho de risco, o que não teria sido acatado e resultou na voz de prisão do repórter fotográfico.

Uma sargento da Polícia Militar que atua no Fórum de Várzea Grande, a pedido dos agentes, levou o fotógrafo para uma sala e, em seguida, policiais do 4º Batalhão da PM chegaram e conduziram Rogério para a Central de Flagrantes.

O Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT) emitiu nota de repúdio à ação policial contra o fotógrafo.

Confira na íntegra nota do Sindjor

Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor/MT) repudia a prisão do repórter-fotográfico Rogério Florentino Pereira, na manhã desta quarta-feira (29), e o tratamento truculento da Polícia Militar dado ao jornalista Jardel Arruda.

Os dois atuavam na cobertura jornalística da ação da “Operação Pérfidos”, da Delegacia Fazendária de Mato Grosso, quando foram abordados por policiais militares. Rogério foi revistado e detido sem nenhuma explicação, enquanto exercia seu trabalho, e depois encaminhado para o Fórum de Várzea Grande e para a delegacia do município.

O repórter Jardel Arruda, ao tentar fotografar a prisão sem justificativa de Rogério, foi abordado pelos policiais que afirmaram que não poderiam fazê-lo na área.

O Sindjor/MT condena qualquer tipo de ação que obstrua o trabalho da imprensa, conforme assegurado pela Constituição Federal de 1988 no artigo 220, e ressalta que o exercício do jornalismo é garantir à população o direito constitucional à informação.

Estendemos a nossa solidariedade aos colegas que tiveram seus direitos podados e exigimos a soltura imediata de Rogério Florentino, bem como a rápida e séria investigação do caso, com a punição dos responsáveis pela truculência.

Cuiabá-MT, 29 de março de 2017

Diretoria Colegiada do Sindjor/MT

Veja nota de esclarecimento do Gcom

A Secretaria do Gabinete de Comunicação (Gcom) do Governo de Mato Grosso lamenta o incidente envolvendo a equipe do site Olhar Direto, um agente prisional e policiais militares durante a realização de operação da Delegacia Fazendária, na manhã desta quarta-feira (29.03), na cidade de Várzea Grande, que resultou na detenção do repórter fotográfico Rogério Florentino, e também na abordagem do repórter Jardel Arruda.

O Gcom, como de resto, todo o Governo de Mato Grosso, compreende a liberdade de imprensa e o livre exercício profissional dos jornalistas como direitos fundamentais e invioláveis, e vai solicitar às autoridades da Segurança Pública e Sistema Prisional a apuração dos fatos, narrados inclusive em Boletins de Ocorrência registrados por um dos jornalistas e pelo agente prisional, para verificar se houve excesso na atuação dos agentes públicos no caso.

Entretanto, esclarece que o repórter fotográfico abordou um agente prisional que estava conduzindo réu preso até o Fórum de Várzea Grande, onde seria submetido a Júri, confundindo-o com policial que participava de uma operação para apurar crimes de corrupção na prefeitura daquela cidade, o que causou o mal-entendido, uma vez que há normas e perímetro de restrição de acesso a réus presos, para proteção do custodiado pelo Estado, dos agentes públicos e do público em geral, dados os riscos inerentes à movimentação de presos.

A bem da verdade, a operação ocorrida nesta manhã foi executada por policiais civis lotados na Delegacia Fazendária, nas dependências da prefeitura, cuja área é contígua à do Fórum, o que pode ter contribuído para o engano do jornalista.

O Gcom esclarece, ainda, que os policiais militares que efetuaram a detenção do jornalista foram acionados por uma colega lotada no Fórum de Várzea Grande, em razão de suposta ameaça relatada pelo agente prisional, conforme Boletim de Ocorrência.

O secretário de Comunicação Kleber Lima acompanhou o caso desde que recebeu a notícia da detenção e recebeu os jornalistas envolvidos, acompanhados do seu editor, Lucas Bólico, para apresentar a solidariedade do Governo de Mato Grosso aos profissionais e anunciar o pedido de apuração dos fatos. O secretário convidou o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso (Sindjor) para participar do encontro, porém, a entidade não encaminhou nenhum representante.

Cuiabá-MT, 29 de março de 2017.

Gcom – Secretaria Extraordinária do Gabinete de Comunicação do Governo de Mato Grosso

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