CRM denuncia precariedade em 10 hospitais

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Silvana Ribas/GD

Precariedade é a palavra que define a situação em que se encontram os 10 hospitais regionais e municipais do interior do Estado, conforme constata fiscalização do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM). Faltam medicamentos, alimentos e roupas para pacientes, esterilização de materiais, os prédios apresentam situação inadequada e são frequentes os atrasos nos pagamentos de serviços médicos. Relatório completo foi apresentado à imprensa nesta quarta-feira (31), pela presidente da instituição, médica Maria de Fátima Carvalho.

O quadro mais grave é do Hospital Regional de Sorriso (420 km ao norte), onde inspeção realizada em dezembro do ano passado e abril deste ano apontam que apenas um dos três equipamentos de autoclaves está em funcionamento. Mas quando ele é ligado, o tomógrafo precisa ser desligado, pois a rede elétrica inadequada e defasada não consegue manter os dois equipamentos trabalhando simultaneamente.

Dos 128 leitos disponíveis, 110 estão operantes. Falta carrinho de emergência na sala de reanimação e o centro cirúrgico está sem sala de recuperação pós anestesia. O serviço ambulatorial está suspenso há mais de 60 dias e apenas 30% da lavanderia funcionava por atrasos no pagamento. Por isso foram suspensas as cirurgias eletivas. O excesso de leitos no pré-parto resulta em falta de privacidade na maternidade.

Os dados apresentados resultam de fiscalizações realizadas entre 2014 e 2017 e ao final de cada relatório o CRM encaminhou os resultados para as respectivas secretarias municipais de saúde e para a Secretaria Estadual, bem como ao Ministério Público Estadual (MPE).

Tanto a presidente do Sindicato dos Médicos (Sindimed), Eliana Siqueira, hoje o maior entrave da saúde pública de Mato Grosso é a falta de gestão. Cita a possibilidade de se reverter os recursos do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) para a saúde como uma possibilidade de sanar problemas emergenciais. Mas se a falta de gestão continuar, não haverá solução a curto, médio ou longo prazo.

Tanto Sindimed como CRM cobram diálogo com representantes do Executivo. Das duas reuniões agendadas, envolvendo o Ministério Público, Judiciário, representantes da classe médica e gestores das unidades hospitalares, nas duas a Secretaria de Estado (SES) não enviou representante.

Agora as entidades protocolizaram, junto ao gabinete do Governador Pedro Taques uma nova reunião, que deve ocorrer na primeira quinzena de junho. Segundo a presidente do CRM, o objetivo é dar sugestões e buscar soluções para a grave crise da saúde que afeta toda a população de Mato Grosso. Reforça que a falta de assistência básica à saúde reflete na superlotação das unidades hospitalares. Já, a precariedade enfrentada pelos hospitais do interior fazem com que mais de 50% dos pacientes do Pronto-Socorro da Capital vem do interior do Estado.

Outro lado -Em relação à coletiva de imprensa do Conselho Regional de Medicina (CRM) a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que não recebeu do CRM nenhum relatório sobre os hospitais regionais. A atual gestão da secretaria vem adotando várias medidas para melhorar a eficiência e o atendimento nas unidades hospitalares e isso inclui o pagamento em dia dos fornecedores e prestadores de serviço. Todos os processos que já estão na SES estão sendo pagos e restam pendentes alguns processos cujas notas fiscais estão sem as devidas certidões que atestam a regularidade da empresa.

Sobre as condições estruturais das unidades, o Governo do Estado, por meio das secretarias de Gestão e de Saúde, já iniciou um processo de manutenção e reformas em 23 unidades de saúde (16 descentralizadas e 7 hospitais regionais). Nestes órgãos será feita a manutenção de telhado, pintura e piso, além da revisão das redes lógica, hidráulica, elétrica e de telefonia. No Hospital Regional de Alta Floresta, as obras já começaram com a manutenção e os reparos na parte elétrica e os serviços terão sequência com as obras no Hospital Regional de Colíder. Em Cuiabá, as reformas já foram iniciadas no Hospital Adauto Botelho e no mês de junho, a partir do dia 10, começam as reformas no Centro de Reabilitação Dom Aquino Corrêa (Cridac).

Sobre os convites do CRM para a participação de duas reuniões este mês, a SES informa que nas duas ocasiões (5 e 31 de maio) os convites chegaram na véspera da data marcada e não foi possível conciliar a agenda do secretário de Estado de Saúde e dos secretários-adjuntos diante de compromissos já firmados anteriormente.
 

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