Desembargador anuncia processo contra ex-chefe do Gaeco e juíza – Veja vídeo

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Welington Sabino/ GD

Depois de 1 ano e 8 meses da divulgação de um diálogo por telefone entre o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Marcos Machado, com o à época governador do Estado, Silval Barbosa (PMDB), o magistrado anuncia que vai processar o promotor de Justiça Marco Aurélio de Castro que era o chefe do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a juíza Selma Rosane Santos Arruda, titular da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

Naquela época, o áudio da conversa foi divulgado num contexto onde Silval Barbosa foi colocado sob suspeita de praticar tráfico de influência junto ao desembargador para tentar colocar em liberdade sua esposa Roseli Barbosa que foi presa na Operação Ouro de Tolo, uma continuidade da Operação Arqueiro. Roseli foi acusada de chefiar um esquema de corrupção que desviou R$ 8 milhões da Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (Setas/MT), pasta que ela comandou por 3 anos e 11 meses durante a gestão do esposo.

O desembargador Marcos Machado acredita que interceptação telefônica autorizada por Selma Rosane foi vazada para uma emissora de televisão por algum membro do Gaeco que estava sob o comando de Marco Aurélio. Agora, o magistrado informou que vai ingressar com uma ação por reparação de danos morais contra os possíveis envolvidos no vazamento ilegal do áudio. O anúncio foi feito durante uma sessão do Pleno do Tribunal de Justiça de Mato Grosso na semana passada. 

Na sessão, foi lido um pedido formulado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT) cobrando providências do Judiciário mato-grossense no caso que envolve um esquema de interceptações ilegais operado por um núcleo da Polícia Militar e atinge magistrados, políticos, jornalistas, servidores públicos, médicos e policais. O esquema foi denunciado pelo promotor de Justiça e ex-secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque e respinga diretamente no governo de Pedro Taques (PSDB).

Marcos Machado se declarou suspeito para ser relator da ação da OAB e justificou que já é conhecimento de todos que em setembro de 2015 ele deu retorno numa ligação de Silval Barbosa e depois trecho da conversa foi divulgado. “E esse telefonema foi exposto como se eu tivesse entrado em contato com ele pra ajudar a esposa envolvida numa operação. Essa ligação decorreu justamente por um relacionamento pessoal e solidário que eu tinha com ele, com a família e não deixo de ter”, destacou.

O desembargador lembra que por causa desse episódio ele foi alvo de uma sindicância no Tribunalde Justiça de Mato Grosso e um Processo Administrativo (PAD) no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas ambos arquivados já que nada ficou provado contra ele. “São provas para que eu possa acionar o promotor de Justiça, inclusive, há possibilidade da juíza”, disse Machado.

Disse ficou que só ficou sabendo há uma semana que sua ligação foi selecionada um período específico do telefonema dele em resposta a uma mensagem que o governador teria enviado pedindo que atendesse os advogados dele, ocorrera justamente numa situação de barriga de aluguel.

“Ele não era investigado e os promotores do Gaeco apresentaram um requerimento além do telefone da esposa, dona Roseli e de mais 4 pessoas, inclusive do terminal dele dos 3 filhos. Eles não eram investigados e essa ligação foi guardada no Gaeco por 40 dias. Quando o governador passou a ser investigado em outra operação e foi impetrado o habeas corpus aqui, esse habeas corpus caiu pra 2ª Câmara e essa interceptação telefônica foi levada à TV Centro América e resultou naquela patifaria, aquela canalhice que fizeram comigo”, criticou Machado. Assista ao vídeo com a manifestação de Marcos Machado a partir do minuto 10

                

Agora com as denúncias do esquema de interceptações clandestinas envolvendo diversas pessoas que não eram investigadas por qualquer crime, Marcos Machado vai aproveitar para acionar judicialmente os responsáveis pela divulgação de seu diálogo com Silval.

“Desde então eu procuro elementos pra buscar e agora consegui finalmente e um desses presos, o cabo [ Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior] era um dos responsáveis pelas interceptações também do Gaeco. Não se enganem vossas excelências, que agora o Gaeco está procurando dizer que o problema não é dele, nós não temos nada com isso. Esta pessoa estava ali presente e ela foi a responsável de gravar num pendrive a pedido do chefe do Gaeco justamente selecionando aquele trecho da então operação da esposa do ex-governador para servir tão somente para colocar o Tribunal ou a mim numa situação de impedimento, de suspeição que não precisava ter feito”, enfatiza o desembargador em seu discurso.

Por fim, o desembargador destaca que o cabo da PM, Gerson Ferreira Júnior, cuja prisão preventiva foi decretada pelo juiz Marcos Faleiros da Silva na semana passada, é justamente a testemunha que ele preciso e espera que o militar testemunhe numa ação que está sendo estudada por Machado de reparação de danos morais.

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