Os números da votação que define futuro de Temer

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A Câmara de Deputados vota nessa quarta-feira se a denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva deve ou não ser encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF). Caso a Câmara e o STF aceitem a denúncia, Temer se tornará réu e será afastado.

A denúncia partiu da Procuradoria-Geral da República, para quem Temer aceitou vantagem indevida ofertada pela empresa J&F (dona do frigorífico JBS) por intermédio do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures. A acusação se baseia nas investigações abertas após delações de executivos da J&F na Operação Lava Jato.

É a primeira vez que um presidente da República é denunciado ao STF durante seu mandato. Em 1992, o Congresso determinou o impeachment de Fernando Collor antes mesmo da Procuradoria-Geral da República denunciá-lo por corrupção passiva – considerada um crime comum. Já a ex-presidente Dilma Rousseff foi acusada de ter cometido crime de responsabilidade.

Matemática da votação de 2 de agosto

448

São os dias decorridos desde que Temer assumiu a Presidente da República, a serem completados na votação de 2 de agosto. São cerca de quinze meses. Temer assumiu interinamente a Presidência em 12 de maio de 2016, quando o Senado abriu processo de impeachment contra Dilma Rousseff. Em, 31 de agosto de 2016, quando o Senado confirmou o impeachment, Temer assumiu de forma definitiva.

70%

É o percentual de pessoas que considera o governo Temer ruim ou péssimo, segundo pesquisa do Ibope realizada de 13 a 16 de julho. A avaliação negativa aumentou 15 pontos percentuais em quatro meses, mostra o instituto de pesquisa. Nesse período, foi divulgada a delação da J&F.

Apenas 5% da população considera o governo bom ou ótimo, o nível mais baixo já registrado pelo Ibope na história. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos. Foram entrevistadas 2 mil pessoas.

81%

É a fatia da população favorável à aceitação da denúncia contra Temer pela Câmara, segundo outra pesquisa Ibope, realizada de 24 a 26 de julho. Entre os mais jovens, o percentual é ainda mais alto, 89%. A margem de erro é de três pontos percentuais. Foram ouvidas 1 mil pessoas.

R$ 500 mil

É o valor entregue por um emissário do empresário Joesley Batista, da J&F, dentro de uma mala, para o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures, assessor de confiança de Temer. A entrega do dinheiro, em abril deste ano, foi acompanhada pela Polícia Federal.

rodrigo_maia: Presidente da Câmara Rodrigo Maia é o próximo da linha sucessória da Presidência© AFP/Getty Images Presidente da Câmara Rodrigo Maia é o próximo da linha sucessória da Presidência

A denúncia por corrupção passiva contra Michel Temer, que será analisada na Câmara, afirma que o presidente era o destinatário do dinheiro. Os R$ 500 mil fariam parte de uma oferta que poderia chegar a R$ 38 milhões, ao longo de nove meses, segundo a Procuradoria-Geral da República.

“Loures representou os interesses de Michel Temer em todas as ocasiões em que esteve com representantes do Grupo J&F. Por meio dele, Michel Temer operacionalizou o recebimento de vantagens indevidas em troca de favores pelo uso da estrutura e órgãos do Estado. (…) Não há dúvida, portanto, da autoria de Michel Temer no crime de corrupção”, escreve o Procurador-Geral da República Rodrigo Janot, na denúncia apresentada em 26 de junho.

342

É a quantidade de votos na Câmara necessária para autorizar o STF a abrir processo contra Temer. Equivale a 2 de cada 3 deputados federais.

Temer precisa que 1 em cada 3 deputados federais – 171 – não votem pelo seguimento da denúncia. Entram na conta tanto os que votarem pelo arquivamento, quanto os que se abstiverem ou faltarem. Ou seja, a vantagem é de Temer.

342 também é a quantidade mínima de deputados federais que deve estar presente no Plenário da Câmara para que a votação seja iniciada. Esse número foi definido pelo Presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Matemática de eventuais próximos passos

180

É o número de dias que Temer fica afastado do cargo, caso a Câmara aprove a abertura do processo e o STF concorde.

temer_reuters: Michel Temer enfrenta votação decisiva na Câmara em 2 de agosto© Reuters Michel Temer enfrenta votação decisiva na Câmara em 2 de agosto

30

Caso Temer seja condenado no STF, o presidente da Câmara Rodrigo Maia tem 30 dias para convocar novas eleições, indiretas. Não é a população que vai às urnas, mas o Congresso que vota para escolher o próximo presidente, que ficaria no cargo até o final de 2018.

2

É a quantidade de crimes que podem ser alvo de nova denúncia da PGR contra Temer: obstrução de Justiça e organização criminosa. A denúncia atual contra Temer diz respeito apenas a corrupção passiva. Mas, no final de junho, Janot pediu abertura de inquérito contra Temer sobre esses três crimes.

23

É a quantidade de pedidos de impeachment contra Temer que chegou à Câmara desde que o presidente assumiu definitivamente em 31 de agosto de 2016, segundo a Secretaria Geral da Mesa da Câmara dos Deputados. Rodrigo Maia optou por não dar prosseguimento a nenhum deles, ao contrário do que fez seu antecessor no cargo, Eduardo Cunha, que permitiu que o processo de impeachment contra Dilma Rousseff fosse adiante.

Qual foi a matemática até agora?

41 X 24

Foi o placar da votação na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, em 13 de julho, que aprovou parecer contrário ao prosseguimento da acusação por corrupção passiva. Antes, um relatório favorável ao prosseguimento foi derrotado por 40 a 25 votos na CCJ.

14

Foi a quantidade de troca de cadeiras na CCJ, desde a denúncia de Janot contra Temer, até a votação no colegiado – uma tática do governo para conseguir mais votos favoráveis.

R$ 10 milhões X R$ 0

Esses foram os volumes de recursos empenhados em emendas parlamentares pelo governo federal para o autor do parecer favorável a Temer na CCJ (R$ 10 milhões) e para o que havia dado parecer contrário (R$ 0).

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