Psicólogos e comunidade LGBT de Cuiabá querem suspensão de liminar da ‘cura gay’

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Keka Werneck/GD



Movimento LGBT local e o Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP-MT) querem a suspensão da decisão liminar do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho, da 14ª Vara Federal de Brasília, que, segundo defendem, abre espaço à volta da “cura gay”.

Na manhã desta quarta-feira (20), o assunto é uma das pautas de audiência pública na Câmara Municipal da capital. A audiência é preparativa para a 15ª Parada da Diversidade LGBT de Cuiabá, com concentração marcada para às 14h de sexta-feira (22) na praça Ipiranga. O tema da parada deste ano é “Estado Laico e Cidadania – direito de todas e todos”.

Nesta quinta-feira (21), a questão voltará a ser discutida em seminário na Secretaria Municipal de Educação, às 8h.

Gabriel Henrique, presidente do Grupo Livremente, explica que, no momento em que gays, lésbicas, transexuais e pessoas de orientação sexual diferente da heterossexual, cobram respeito e políticas públicas, uma decisão, como esta do juiz Waldemar, fragiliza todo o trabalho social que vem sendo feito de combate à homofobia.

O Grupo Livremente, entidade que organiza a parada e é precursora na luta pelos direitos LGBT no Estado, ressalta que é preciso garantir bem estar e cidadania aos que não são heterossexuais ou não se identificam na dualidade homem-mulher.

“Esse tipo de coisa (a decisão liminar) ainda impacta de forma muito intensa na sociedade e prejudica o trabalho histórico que estamos tendo para despatologizar a homossexualidade. A sociedade ainda tem esse discurso conservador e homofóbico e a gente ainda vive sob este estigma”, destaca Gabriel. Destaca ainda que a homossexualidade já foi tratada como perversão, pecado e doença. “Voltar a isso é um retrocesso”, lamenta.

Implica em dor e o sofrimento de quem se percebe gay ou fora dos padrões heteronormativos. “A pessoa pensa em suicídio, sofre depressão e, com esta decisão, famílias, que por não aceitarem bem seus filhos como são, vão querer levá-los a tratamentos de cura”, preocupa-se.

Presidente do CRP-MT, Morgana Moura, lamenta que um grupo de psicólogos é que tenham entrado com uma ação popular reivindicando autorização para estudar e reordenar a sexualidade de pacientes insatisfeitos com a própria condição. Segundo ela, em Mato Grosso há também profissionais que se afinam com esta ideia. “São grupos isolados, minoria, que não têm foco na ciência e nos principais fundamentos da profissão e querem levar fundamentalismos religioso para dentro dos consultórios”, critica.

Para a psicóloga Morgana, querer normatizar as pessoas dentro do campo da heterossexualidade é uma tarefa vã, sobretudo porque a sexualidade é mutável.

Ressalta ainda que um psicólogo quando recebe um paciente no consultório não deve apenas acolhê-lo mas também a dor que carrega, atuar para que se sinta bem consigo mesmo e deixar questões religiosas fora disso.

Em meio à seriedade do tema, sempre há espaço para o humor nas redes sociais.

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