O diretório nacional do PT se reúne a partir desta quinta-feira, 21, em São Paulo com o objetivo de abafar as conversas internas sobre a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser impedido pela Justiça de disputar a eleição do ano que vem. Diante do surgimento de especulações internas cada vez mais explícitas sobre o “Plano B” para 2018, a cúpula partidária vai reiterar que o PT deve insistir na candidatura de Lula até o fim.
A corrente minoritária Articulação de Esquerda vai defender durante a reunião a realização de um plebiscito interno para decidir o caminho do partido em 2018 caso Lula seja barrado. A cúpula partidária é contra.
“Se o nosso povo tá dizendo que Lula é o plano A, porque raios temos que discutir plano B? “, disse o ex-ministro Alexandre Padilha, vice-presidente do PT, em referência às pesquisas eleitorais que mostram Lula à frente na disputa de 2018.
A corrente minoritária Articulação de Esquerda chegou a inscrever uma proposta de resolução política na qual ao mesmo tempo em que admite as especulações, diz que o debate, neste momento, é equivocado.
Segundo a Articulação de Esquerda, existem hoje três posições no PT para o caso de Lula não ser candidato: lançar outro nome do próprio PT, apoiar um candidato de outra legenda de esquerda ou simplesmente boicotar o pleito de 2018.
“Hoje, o conjunto do PT defende a candidatura Lula. Mas começa a prosperar, em alguns setores, um debate sobre o que fazer diante de um eventual impedimento de Lula. Há os que defendam o boicote às eleições, há os que defendam o lançamento de outra candidatura petista, há os que defendam o apoio a uma candidatura de fora do PT. O Diretório Nacional (DN) deixa claro que esta discussão é totalmente equivocada, pois, além de nos dividir, na prática dá por inevitável e em certa medida naturaliza os planos do juízo de Curitiba.
Neste sentido, o DN deve prosseguir na campanha ‘Eleição sem Lula é fraude’. E caso a fraude se materialize, a posição do PT sobre o que fazer neste cenário deve ser decidida num plebiscito interno”, diz o projeto de resolução da Articulação de Esquerda divulgado no blog do ex-dirigente Valter Pomar.
Condenado a 9 anos e seis meses de prisão pelo juiz Sérgio Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá, o ex-presidente pode ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa caso a sentença seja confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4a Região. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse em nota que o partido vai insistir na candidatura de Lula mesmo em caso de um revés na Justiça. “Lula será candidato mesmo que a Justiça o condene em segunda instância, pois já há esse precedente jurídico no Brasil”, disse ela.
Além disso a Fundação Perseu Abramo vai lançar, com a presença de Lula, a plataforma colaborativa “O Brasil que o Povo quer!” com objetivo de reunir colaborações para um programa de governo a ser apresentado em meados do ano que vem, antes do início formal da campanha eleitoral.
Baseado em iniciativas semelhantes feitas no exterior, a iniciativa tem o objetivo ousado de ser “a maior plataforma colaborativa do mundo”, segundo seus criadores. A ideia é mobilizar representantes do mundo acadêmico, político, integrantes de movimentos sociais e cidadãos em geral para opinar tanto por meio da internet quanto de eventos presenciais em centenas de cidades, sobre as propostas que devem balizar um eventual terceiro mandato de Lula.