Negros precisam de ações efetivas para se afirmar na sociedade, diz pedagoga

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Valquiria Castil/ GD


Volta e meia dados de pesquisas nacionais apontam os contrastes da sociedade brasileira em relação à comunidade negra, responsável pela formação cultural do país (seja em aspectos religiosos, gastronômicos, sociais ou políticos). Os afrodescendentes aparecem como os jovens e mulheres que mais são mortos por crimes de genocídio e feminicídio. Também fazem parte do grande número de evasão escolar e os dados mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostram que são a maioria dos trabalhadores desempregados no Brasil – dos 13 miilhões de brasileiros desempregados, 8,3 mihões são negros ou pardos -.

Reprodução/Facebook

Nieta é militante da causa negra,  pedagoga e especialista em História e Escravidão pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Embora a data 20 de novembro tenha sido criada para comemorar a ‘Consciência Negra’, dia da morte do líder negro Zumbi dos Palmares que lutou pela liberdade contra a escravidão, a data marca movimentos por direitos iguais e reflexão das conquistas da população afro. Militante da causa negra, Antonieta Luísa Costa, 49, considera que essas situações de exclusão, marginalização e desigualdade dos negros são resultado da falta de políticas públicas efetivas.

“Falta vontade política de implementar ações que devem diminuir esse processo de exclusão. Estamos com um grave problema de perca de direitos, não só no governo federal, mas no estadual também. Ter lei e não colocar em prática é como se não tivesse. A gente ouve dizer que as coisas estão bem. Não está nada bem. Cadê a inclusão de atividades e conteúdos para estudos da história e cultura afrodescendentes nas escolas?”, indaga a pedagoga e especialista em História e Escravidão pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

O trabalho contra a discriminação e preconceito da cor da pele, do cabelo crespo, das religiões de terreiros é árduo para essa população negra que em 2013 já era maioria em Mato Grosso e ainda assim as implementações para promover a igualdade social no Estado não tiveram sucesso.

“Quando a gente fala em igualdade é igualdade de direitos. A gente precisa implementar as políticas de promoção da igualdade social no estado de Mato Grosso. Não adianta apenas falar tem que trabalhar. Precisamos de políticas para a saúde e educação dos negros, professores com formação étnica, por exemplo. As pesquisas são coerentes e mostram a realidade que nossos gestores não admite. Querem usar o discurso da igualdade e nós não somos todos iguais, somos diferentes. Tratar desigual como igual gera desigualdade. Se fizermos isso utilizaremos as políticas publicas adequadas as necessidades de cada ser”, pontua Nieta.

Discussões sobre os direitos dos negros é a pauta principal do dia. “Queremos nos libertar de todas as mazelas ruins que nos deixaram. É nessa data que discutimos como está situação do nosso povo, nesse espaço que a gente diz que é de todos, nesse país que a gente diz que é democrático. Não temos muito que comemorar. Todas as lutas e vitórias são conquistas do movimento negro no Brasil e em Mato Grosso. Mesmo tendo conquistas precisamos de muitas outras para melhorar a qualidade de vida do povo negro nesse Estado”, finaliza.  

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