Fabris diz que cobrava de Silval pagamento de mansão em Jurerê Internacional

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Celly Silva/GD


No dia em que foi preso por obstrução de justiça na 12ª fase da Operação Ararath, batizada de Operação Malebolge, o deputado estadual Gilmar Fabris (PSD) alegou à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal (MPF) que o suposto “mensalinho” que estava cobrando do ex-chefe de gabinete Sílvio Cézar Corrêa Araújo e que foi gravado em vídeo, que consta na delação do ex-governador Silval Barbosa, na verdade, se tratava de uma cobrança pessoal.

Aos procuradores da República Vanessa Christina Zago e Vinicius Alexandre Fortes e aos delegados da Polícia Federal, Alex Sandro Biegas e Wilson Rodrigues, Fabris contou que no dia em que foi gravado estava apenas cobrando os R$ 2,5 milhões que faltavam ser pagos por Silval Barbosa a ele, referente a uma casa na região litorânea de Jurerê Internacional, em Florianópolis, Santa Catarina.

Reprodução

Gilmar Fabris gravado em vídeo que consta na delação de Silval

Segundo ele, Sílvio Corrêa era o responsável por fazer o pagamento em nome do governador. O negócio teria sido verbal entre o deputado e Silval Barbosa, que demonstrou interesse na casa após tê-la conhecido.

Até aquele momento, o deputado teria recebido uma parcela de R$ 1 milhão, por meio de um dono de posto de combustível, na saída para Chapada dos Guimarães, identificado apenas como “Kaká”. Este teria telefonado para o deputado e pedido para ele comparecer em seu escritório. Ao chegar lá, o empresário teria explicado que Silval Barbosa determinou que ele pagasse R$ 1 milhão a Fabris, o que foi feito em cheque.

O deputado destacou que Silval nunca lhe contou que pagaria a casa com recursos oriundos de propina. Ele também ressaltou que não considera estranho fato de ter recebido o dinheiro por meio de um terceiro, segundo ele “porque sempre teve o senhor Silval como fazendeiro da região de Matupá, rico, dono de empresas de rádio e comunicação e, até então, esse era o conceito que tinha dele, de que era um homem sério e rico”.

Negócio com Piran

Conforme Gilmar Fabris, o imóvel em Jurerê Internacional estava registrado em nome do empresário Valdir Piran porque 10 anos antes de vender a casa para Silval, já a tinha vendido para Piran pelo valor de R$ 700 mil, quando a casa ainda estava em construção, na fase de acabamento.

Ele contou que havia um combinado de que se quisesse retomar a casa, poderia pagar apenas o valor originário acrescido da correção pelo INPC, uma vez que Valdir Piran não tinha interesse no imóvel e apenas o comprou para ajudar Fabris, que não estava dando conta de concluir a obra. A falta de interesse seria comprovada com o fato de Fabris ter continuado na posse da casa, com o compromisso apenas de arcar com as despesas de manutenção.

Embora tivesse um acordo com Piran, Fabris admite que não repassou o R$ 1 milhão pago por Silval ao primeiro comprador, que havia sido informado da nova negociação e concordado, desde que recebesse o valor que pagou, corrigido pelo índice imobiliário.

Alan Cosme/HiperNotícias

Por conta de obstrução de justiça, deputado ficou 40 dias preso no CCC

Para sustentar o argumento de que o encontro gravado e entregue nas delações de Silval e Sílvio, o parlamentar destacou que no vídeo, Sílvio Cézar diz que o pagamento ficaria para a próxima segunda-feira e que Silval Barbosa deixou claro em sua delação que Fabris não pegou dinheiro naquela ocasião.

Apesar disso, o vídeo mostra que Gilmar Fabris questionava o motivo pelo qual os outros (supostamente os outros deputados) estavam recebendo o valor inteiro e ele só receberia R$ 100 mil na citada segunda-feira.

Em relação a isso, Gilmar Fabris disse que naquele dia, não houve nenhuma conversa sobre o encontro dele e Sílvio com nenhum outro deputado.

 Verba indenizatória

O parlamentar também contou aos procuradores e delegados que o que o ex-governador Silval Barbosa chama de “mensalinho” aos deputados em sua delação, se tratava, na verdade, de “verbas indenizatórias específicas” relativas aos gastos que eles tinham com viagens, traslados e outros gastos que não contavam com dotação orçamentária.

Segundo ele, as chamadas “verbas de custeio” eram comprovadas por meio de notas fiscais e eram apresentadas à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).

Em seu depoimento, Gilmar Fabris negou ter recebido valores em espécie a título de ressarcimento e explicou que esses gastos realizados no desempenho da atividade legislativa sempre foram pagos pela própria Assembleia. Ele afirmou ainda que o orçamento da ALMT nunca foi insuficiente, por isso, nunca houve necessidade de recebimento, por parte dos parlamentares, além do duodécimo da Casa.

Questionado sobre a delação de Silval Barbosa, que disse que o mensalinho havia sido institucionalizado, Fabris afirmou que o ex-governador se referia à verba de gabinete, totalizada em R$ 65 mil, que foi aprovada no final de 2015 e que atualmente não conta mais com prestação de contas por parte dos deputados e nem é fiscalizada pela Mesa Diretora.

Fabris declarou ainda que a delação de Silval de que os deputados iriam receberiam mensalinho, ou seja, propina, em troca do compromisso de dar a ele sustentação e votar projetos e matérias de interesse do governo na Assembleia, que isso “não faz sentido” porque na ocasião do vídeo gravado por Sílvio Corrêa, ele exercia a suplência da ALMT, logo, não poderia votar em nenhuma proposição. 

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