Joesley teve dívida quitada com dinheiro de propina, diz marqueteiro

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Agência O Globo

Joesley Batista talvez não soubesse quando admitiu que 1829 políticos receberam propinaspagas pela JBS em sua delação premiada, mas ele próprio também acabou beneficiado pelos pagamentos indevidos. Pelo menos foi isso o que afirmou o marqueteiro André Gustavo Vieira da Silva, acusado de intermediar o pagamento de R$ 3 milhões da Odebrecht para o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, Aldemir Bendine.

Segundo o publicitário, parte dos valores pagos pela empreiteira foi usada para pagar uma dívida com Joesley. No seu depoimento, Vieira disse que dividiu os R$ 3 milhões de propina em três partes iguais. Dessa divisão, R$ 1 milhão teria sido usado para quitar uma dívida que ele tinha com um amigo. Questionado pela defesa de Bendine sobre quem seria esse amigo, André Gustavo foi mais direto:

— Joesley Mendonça Batista. Isso consta do Imposto de Renda dele e no meu Imposto de Renda — disse, antes de explicar melhor: — Eu paguei porque devia a ele, o que não significa dizer que Joesley soubesse que o dinheiro que eu estava pagando a ele era fruto disso (propina). Para o Joesley, era dinheiro meu.

De acordo com o marqueteiro, os pagamentos ao ex-presidente da J&F foram feitos a Joesley e a uma pessoa próxima indicada pelo empresário, de nome Demilton. André Gustavo Vieira contou que não levou todo o valor a Joesley de uma vez só.

— Isso era entregue a um portador da JBS. Eu não cheguei lá e entreguei R$ 1 milhão a ele. Levei 200, depois levei mais 150, mais 300.

Os pagamentos parcelados foram feitos a pedido do próprio empresário, segundo o marqueteiro, que ia à sede da JBS e entregava os valores a Joesley ou a Demilton. André Gustavo contou, ainda, que era acompanhado até o edifício pelo motorista Marcelo Casimiro, que também era o responsável por levar os pagamentos de Bendine.

— Ele dizia: “Ó, não traz tudo, traz em parte” e eu dizia “Não, o dinheiro é meu, não tem problema nenhum” — disse.

Joesley atualmente está preso na superintendência da Polícia Federal em São Paulo depois que perdeu os benefícios de sua delação premiada. O então procurador-geral Rodrigo Janot acusou os delatores da JBS de terem quebrado o acordo ao deixarem de contar outras práticas criminosas, como a participação de ex-procurador Marcelo Miller na confecção do acordo enquanto ainda atuava na Procuradoria-Geral da República.

Em São Paulo, Joesley é acusado de ter obtido vantagem financeira com a compra e venda de dólares e ações de suas empresas nos dias anteriores à revelação de seu acordo de colaboração que incluía, entre outras coisas, uma gravação com o presidente Michel Temer. Na conversa, Joesley contou ao presidente sobre sua situação com Eduardo Cunha. O áudio revelou também que Temer indicou Rodrigo Rocha Loures como seu intermediário. Posteriormente, Loures foi gravado recebendo uma mala com R$ 500 mil reais da JBS.

(*Estagiário, sob supervisão de Flavio Freire)

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