Quarto árbitro se contradiz, mas juízes voltam a negar interferência externa na final do Paulistão

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Árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza é contestado por jogadores de Corinthians e Palmeiras, no Allianz Parque© GazetaPress Árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza é contestado por jogadores de Corinthians e Palmeiras, no Allianz Parque
Durou exatas oito horas e dez minutos a coleta de depoimentos da equipe de arbitragem do segundo jogo da final do Campeonato Paulista entre PalmeirasCorinthians. A sessão realizada na sede do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva), na Zona Oeste de São Paulo, ocorre a pedido do clube alviverde, que desconfia que houve interferência externa na arbitragem do clássico.

A sessão foi conduzida pelo auditor Marcelo Monteiro sob a presença de dois advogados representando o Palmeiras e outros dois pela Federação Paulista, que participou da audiência como terceira interessada. Não havia representantes do Corinthians.

O lance responsável pela abertura do inquérito ocorreu aos 26 minutos do segundo tempo do clássico que decidiu o Estadual. O volante Ralf derrubou o atacante Dudu na área do Corinthians. O árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza marcou pênalti, mas voltou atrás depois de ouvir relato do quarto árbitro, Adriano de Assis Miranda, após mais de dois minutos de jogo parado.

Neste sentido, o depoimento que mais chamou à atenção foi do quarto árbitro Adriano de Assis Miranda. Bastante nervoso, ele chegou a ter a conduta questionada pelo auditor por apresentar algumas contradições sobre os procedimentos adotados antes e durante a final.

Todos os outros ouvidos, porém, voltaram a negar qualquer interferência externa. Destaque para o diretor de arbitragem da FPF, Dionísio Roberto Domingos, um dos grandes protagonistas do caso ao ser acusado pelo Palmeiras de ser o responsável por ter contato com informações de fora do estádio.

Na decisão, o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza apitou um pênalti de Ralf no palmeirense Dudu, aos 26 minutos da etapa final. Foi apenas após um alerta do quarto árbitro que a decisão foi revista. Isso revoltou o time alviverde.

Adriano afirmou que, no momento do choque entre Ralf e Dudu, ele avisou o árbitro que foi “canto, canto, canto”. Três vezes. Mas, devido ao barulho no estádio, disse que Marcelo não conseguiu ouvir.

Foi preciso quase três minutos para que ele conseguisse se aproximar de Marcelo para, pessoalmente, afirmar que foi escanteio e não pênalti. “Eu disse a ele ‘foi na bola, mas a decisão é sua'”.

A primeira contradição apareceu quando Adriano disse que o banco de reservas do Corinthians ouviu ele falar “canto, canto, canto” e foi cobrá-lo. Ele afirmou recordar que Gabriel estava presente. Depois disse que não poderia afirmar que o volante corintiano ouviu a orientação, mas que foi um dos que foi cobrá-lo.

Depois descreveu que durante o tumulto foi pressionado, que alguém tentou passar a perna nele enquanto estava de costas. Ao ser questionado porque não relatou essa agressão na súmula, disse que não conseguiu identificar o autor. Diante da insistência da omissão da informação na súmula acrescentou que não viu como agressão ou ato hostil.

Por fim, relatou que, após o árbitro anunciar que não ocorreu o pênalti e que o Palmeiras deveria cobrar escanteio, o “camisa 7 do Palmeiras [Dudu] jogou a bola no meio peito e disse ‘olha a porra que você fez'”.

Questionado por que não relatou essa agressão na súmula, Adriano disse que não viu como agressão e se corrigiu. Disse que Dudu colocou a bola no seu peito.

O árbitro Marcelo Aparecido, que depôs depois de Adriano, mostrou-se surpreso com esses três fatos e disse que o quarto árbitro não o comunicou para que fosse registrado na súmula.

O depoimento do próprio Marcelo Aparecido foi coerente com as declarações que ele fez após a final, inclusive para a ESPN Brasil. Manteve a versão que mudou de opinião sobre o pênalti após ouvir o quarto árbitro e explicou que a demora se deu por causa do tumulto causado pelos jogadores dos dois times. Já o diretor de arbitragem, Dionísio Roberto Domingos, admitiu que estava com um aparelho eletrônico, mas garantiu que o manteve sempre no bolso.

“Tinha, no meu bolso. Nenhuma (interferência externa), já é nossa orientação se, caso portar (um aparelho), manter desligado”, disse.

Colhido os depoimentos nesta terça-feira, agora o auditor do TJD pode autorizar a busca por mais provas. Depois, diante de todos os elementos, decidirá juntamente com a procuradora Priscila Carneiro de Oliveira se será apresentada denúncia. Caso isso ocorra será divulgado até a próxima segunda-feira uma data para o julgamento

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