Viciados em tecnologia começam a sofrer efeitos da dependência

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Usuários de telefones inteligentes e tablets começam a sofrer no corpo os efeitos do uso excessivo de aparelhos de alta tecnologia, que se manifestam em males que refletem lesões relacionadas aos longos períodos de exposição a telas pequenas e à digitação em teclados minúsculos, alertam especialistas em saúde.

Segundo os médicos, estas lesões estão se tornando mais comuns, à medida que aparelhos de alta tecnologia vão se popularizando.

Na Grã-Bretanha, cada vez mais pessoas usam seus telefones inteligentes – na verdade, minúsculos computadores pessoais que cabem no bolso – para acessar a internet ao invés de fazer telefonemas.

De acordo com uma pesquisa recente YouGov, 44% dos britânicos usam seus celulares para atividades diferentes de telefonar entre 30 minutos e duas horas por dia. A pesquisa foi realizada em setembro com 2.034 adultos.

"Eu tenho um paciente que desenvolveu inflamação nos tendões de seu polegar por usar seu 'smartphone' e ficou impossibilitado de usar a mão durante semanas por causa da dor", disse Tim Hutchful, da Associação Britânica de Quiropráticos.

Sammy Margo, da Sociedade de Fisioterapia, explicou que os corpos das pessoas "não são projetados para ser usados desta forma".

"Os telefones são pequenos demais e têm teclados pequenos demais", acrescentou, observando que a dor nos membros superiores forçou um de seus pacientes a parar de enviar mensagens de textos e passar a utilizar um programa de reconhecimento de voz.

Além de lesões na mão, especialistas mencionam problemas entre usuários de celulares inteligentes e tablets devido à quantidade de tempo gasto com a cabeça inclinada sobre telas minúsculas.

"O peso médio da cabeça humana varia entre 4,5 kg e 5,5 kg", afirmou Hutchful.

Em uma postura ideal, na qual é possível desenhar uma linha vertical das orelhas até os ombros, quadris, joelhos e tornozelos, "o peso é distribuído de forma eficiente", explicou.

Mas se a cabeça permanece constantemente inclinada à frente para ver a tela, esta postura incomum faz a cabeça parecer cinco vezes mais pesada, aumentando a pressão em todo o corpo, afirmou.

Uma nova condição denominada "text neck" (algo como pescoço de texto, em alusão à dor provocada pela má postura ocasionada pela inclinação do pescoço por tempo prolongado) é a última manifestação de "lesão por esforço repetitivo" (LER), que afeta um em cada 50 trabalhadores na Grã-Bretanha.

LER é o nome dado ao grupo de lesões que afetam músculos, tendões e nervos, sobretudo do pescoço e nos membros superiores. É particularmente prevalente entre trabalhadores que passam longos períodos usando computadores e mouses.

Embora seja tratável, especialistas alertam que é essencial não ignorar os sinais precoces de manifestação da doença.

Na França, a LER é a principal causa de afastamento do trabalho.

Emmanuelle Rivoal, fisioterapeuta e osteopata radicado em Paris, contou ter visto um aumento no número de pacientes paralisados de dor "porque passam mais de cinco horas por dia em frente a uma tela".

Reforçando que não quer "demonizar os 'smartphones'", Hutchful deu algumas dicas para que os aficcionados por tecnologia evitem lesões, como manter o uso de celulares inteligentes abaixo de 40 minutos.

"Reduza seu uso ao mínimo, faça pausas regulares e analise formas diferentes de interação", como programas de reconhecimento de voz para enviar mensagens de texto, afirmou.

Na Grã-Bretanha, Margo destacou que o grupo em maior risco são as crianças e os adolescentes, que são usuários pesados dos últimos computadores e telefones.

"Conheço famílias nas quais as pessoas se comunicam umas com as outras por mensagens de texto", disse. "Precisamos por um limite nisso", acrescentou.

 

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