Brasil: Escândalo de corrupção sacode economia antes considerada estrela mundial

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(Bloomberg Business) — Alguns brasileiros temem que o maior escândalo de corrupção da história do país termine em pizza — ou seja, que os acusados encontrem uma forma de escapar da Justiça –. Embora o destino deles ainda seja desconhecido, os distúrbios atingiram tanto a economia quanto a sociedade.

Estas são algumas questões pouco comentadas que estão ocorrendo no país, antes considerado o queridinho do mundo em desenvolvimento, devido à Operação Lava Jato — investigação a respeito de subornos e corrupção que começou na estatal Petrobras e lançou seus tentáculos muito além dela.

1. Preocupação entre executivos

Com a expansão da investigação, os executivos envolvidos foram levados para celas de prisão e, de lá, viram seus nomes estampados nos jornais. Isso teve um preço; entre os executivos consultados em março, mais de um quarto mencionou a perda de credibilidade entre seus maiores temores.

2. Captação de dinheiro

O escândalo interrompeu alguns pagamentos da Petrobras e praticamente congelou novos contratos. As empresas envolvidas na investigação — e muitas outras que não foram mencionadas — sofreram rebaixamentos em suas notas de crédito e, com isso, o apetite dos investidores pelos bonds corporativos brasileiros diminuiu.

3. Escritórios vazios

A queda dos trabalhos da Petrobras — motor da atividade industrial no Rio de Janeiro, onde a empresa mantém sua sede — contribuiu para o declínio da absorção de espaços de escritórios de classe A, segundo Thierry Botto, diretor de transações de escritórios para o Rio na corretora de imóveis comerciais Cushman Wakefield. O escândalo, juntamente com a queda dos preços das commodities internacionais e com a crise econômica, de uma forma geral, alçou a taxa de desocupação de imóveis do Rio ao nível mais alto em pelo menos uma década.

4. Entraves políticos

Integrantes da base aliada de Dilma Rousseff teriam se beneficiado com a corrupção, e as revelações quase diárias somadas à crise econômica empurraram o índice de aprovação da presidente para 13 por cento, uma baixa recorde, segundo o instituto de pesquisas Datafolha. Essa fragilidade política fortaleceu os parlamentares de oposição e incentivou a insubordinação dentro da base aliada da presidente.

Dilma podia aprovar medidas no Congresso com relativa facilidade em seu primeiro mandato, mas o apoio dos aliados do seu Partido dos Trabalhadores diminuiu. Ela precisa deles mais do que nunca para aprovar medidas de austeridade impopulares, que visam a reforçar as finanças do Brasil e evitar que o rating de crédito do país seja rebaixado para junk (grau especulativo).

“No início desta legislatura, o governo claramente perdeu sua base”, disse o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), a repórteres no dia 14 de maio. “O governo está tentando reconstruí-la”.

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