Empresa de ex-senador pagou propina a fiscal do Ministério de Nova Mutum, diz MPF

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Pablo Rodrigo

O frigorífico União Avícola do ex-senador Cidinho Santos (PL) é investigado por suposto pagamento indevido ao ex-servidor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Davy Marcelo de Matos Gregório, que atualmente é servidor da BRF.  

 

A informação consta no pedido do Ministério Público Federal (MPF) do Paraná, que culminou na Operação denominada ‘Romano’, 4ª fase da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, e que o  teve acesso.   

 

De acordo com as investigações, Davy Gregório era médico veterinário da prefeitura de Nova Mutum (264 quilômetros ao norte de Cuiabá) e conveniado ao Mapa, onde  atuava no Serviço de Inspeção Federal (Sif) do mesmo município, onde permaneceu até 2017, quando deixou o cargo público e se tornou funcionário da BRF.   

 

“Ocorre que enquanto funcionário ligado ao SIF, DAVY recebeu indevidamente pagamentos da BRF através de interposta pessoa jurídica. Para tanto o fiscal constituiu a D. M. de Mattos Gregorio ME (relatório RADAR em ANEXO), percebendo então valores que antes lhe eram pagos em espécie”, diz trecho do documento assinado pela procuradora da República Lyana Helena Joppert Kalluf e o procurador da República Ovaldo Sowek Junior.   

 

As investigações apontam que as notas fiscais era referentes a “serviços supostamente prestados à União Avícola, que lhe pagava e era compensada em encontro de contas com a companhia BRF”.   

 

Como prova foi apresentado um e-mail entre funcionários da BRF, que mostraria que a nota fiscal “suportava o pagamento feito pela União Avícola para a empresa de DAVY, em virtude de sua atividade junto ao SIF, havendo posterior encontro de contas entre União Avícola e BRF”. O escritório em Cuiabá e o frigorífico União Avícola, em Nova Marilândia (392 quilometros a médio-norte de Cuiabá), foram alvos de busca e apreensão.      

 

Ao , Cidinho explicou que o mandado foi com referência a um possível pagamento de propina a um fiscal.  “O que está no documento é de que a BRF teria pago vantagem indevida a essa fiscal via a minha empresa. Mas ela nunca atuou no nosso frigorífico”, explicou o ex-senador.     

 

Segundo Cidinho, apesar da exposição, ele está tranquilo para dar qualquer esclarecimento sobre o fato. Além de Mato Grosso, os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro, também tiveram diligências da PF. Ao todo 60 auditores fiscais foram alvos.     

 

A investigação aponta que o valor pago em propina ultrapassa os R$ 19 milhões.  Essa é a segunda vez que BRF é o centro das investigações. Na 3ª fase, denominada “Operação Trapaça”, em 2018, a Polícia Federal mirava desmantelar possíveis fraudes laboratoriais perante o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.     

 

De acordo com as investigações 5 laboratórios credenciados junto a Agricultura e setores de análises do grupo empresarial fraudavam resultados de exames em amostras de seu processo industrial, informando ao Serviço de Inspeção Federal dados fictícios em laudos e planilhas técnicos.     

 

A Operação se iniciou em março de 2017, quando 21 frigoríficos foram alvos sob suspeita de fraudes nas carnes vendidas no Brasil e no exterior.  Segundo a PF, fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recebiam propina para liberar licenças sem realizar a fiscalização adequada nos frigoríficos. 

 

Outro lado

Sobre a operação Carne Fraca, a empresa União Avícola encaminhou uma nota onde nega o crime.

“Nesta terça-feira (1º) a empresa União Avícola foi alvo de busca e apreensão fruto do desdobramento da Operação Carne Fraca. A investigação é sobre pagamento de bonificação e vantagens indevidas a um determinado Fiscal Federal agropecuária do Mapa. A empresa esclarece que o fiscal citado nunca trabalhou ou foi responsável pela inspeção na empresa. Reitera que, tão logo os fatos se esclareçam, tomará as medidas cabíveis.

 

A União Avícola tem mais de 10 anos de atuação no mercado de abate de frango, conta com mais de 1,3 mil colaboradores, e segue à disposição da Justiça para o pronto esclarecimento dos fatos”.

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