CÂNCER DE PELE: Mortalidade é maior a partir dos 30 anos em Mato Grosso

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01/01/2020 07:51

CÂNCER DE PELE: Mortalidade é maior a partir dos 30 anos em Mato Grosso

CÂNCER DE PELE:  Mortalidade é maior a partir dos 30 anos em Mato Grosso

Comum no Brasil, o câncer de pele é uma doença que algumas pessoas dão pouca importância, apesar dos aproximadamente 180 mil novas casos que todo ano são diagnosticados, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Um levantamento inédito da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SDB) mostra que a neoplasia foi responsável pela morte de 33 mil brasileiros em dez anos e causa 30% dos tumores malignos. Em Mato Grosso, dados da Secretaria de Estado de Saúde (Ses-MT) mostram que o diagnóstico e o percentual de óbitos provocados pela doença são maiores na idade mais avançada.


No Estado, entre 2018 e 2019, foram detectados 650 novos casos da doença, entre os tipos melanoma maligno (84) e não melanoma (566). Já no período de 2000 a 2017, a mortalidade é maior a partir dos 30 anos. Desta faixa etária até os 39 anos, a incidência foi de 2,7/100 mil pessoas, do tipo melanoma maligno e, de 1,8/100 mil, entre outras neoplasias malignas de pele. Dos 60 aos 69 anos, a taxa ficou entre 6,4 e 12,8/100 mil, respectivamente; dos 70 aos 79 anos, entre 5,8/100 mil e 16,8/100 mil e, a partir dos 80 anos, 4,6/100 mil (melanoma maligno) e 17,7/100 mil (outras neoplasias).


Segundo a Ses-MT, são esperadas 3.370 novas notificações do câncer de pele não melanoma, representando uma taxa bruta de 2,3 casos por 100 mil habitantes mato-grossenses. O câncer de pele não melanoma é mais incidente nas mulheres, sendo estimados 1.520 registros entre o público feminino, no Estado, e 370, na capital, correspondendo a 91,09 casos por 100 mil pessoas do sexo feminino no Estado, e 117,2/100 mil, em Cuiabá.


Entre os homens, são 1.250 registros, com taxa de bruta de 72,54/100 mil indivíduos. Na capital, são 230 notificações e incidência bruta de 77,43/100 mil. Já a forma invasiva do tumor de pele, que é o melanoma, espera-se 60 casos novos para ambos os sexos. Os dados mostram os riscos em relação a idade desde 2014. No Estado, a faixa etária com maior número de casos é a partir dos 45 a 49 anos (63 casos) com seu maior pico na faixa etária de 60 a 64 anos (105 casos), seguida dos 65 a 69 (103). “Quanto mais avançada a idade maior é risco de desenvolver câncer”, reforça boletim disponibilizado pelo órgão estadual.


No centro-oeste, a mortalidade pela doença chegou a 2.062 casos, conforme Painel-Oncologia, base de dados coordenada pelo Ministério da Saúde (MS). Em nível nacional, o levantamento mostra que o número de óbitos subiu 48% de 2008 para 2017. Hoje, o câncer de pele é o mais frequente e responde por 30% dos diagnósticos de tumores malignos no país.
De acordo com o painel, São Paulo foi o estado brasileiro com o maior número de mortes em decorrência do câncer de pele nos últimos 10 anos, com 7.668 casos, seguido por Rio Grande do Sul, com 3.753, e Minas Gerais, com 2.822. Em quarto lugar, aparece o Paraná, com 2.800 casos. O Rio de Janeiro está em 5º, com 2.747 mortes. Embora associado à exposição inadequada ao sol, dos 20 municípios que registraram o maior número de diagnósticos da doença entre 2013 e 2019, somente três estão no litoral brasileiro: Fortaleza, na 4ª posição; Salvador, na 10ª posição, e Natal, na 12ª posição.


Segundo o presidente da SBD, Sérgio Palma, o número é um alerta para que a população tome cuidados diários em relação à exposição aos raios ultravioletas, não apenas quando forem à praia ou à piscina durante o verão. “A radiação ultravioleta está presente no país inteiro sempre. O Centro Oeste, por exemplo, tem uma radiação imensa, como não há em Recife. Temos no Brasil a cultura do bronzeado, e todo câncer de pele tem uma assinatura da radiação ultravioleta em sua essência. É preciso usar filtro solar, roupa adequada, óculos com fotoproteção e evitar o sol em horários de pico”. Pessoas de pele clara, sensíveis à ação do sol e com histórico familiar deste câncer costumam ser as mais atingidas.


Vale lembrar que há dois principais tipos de câncer de pele: o mais frequente é o não melanoma que, apesar de maligno, tem grandes chances de cura se detectado precocemente. Quando diagnosticado ainda no início, ele pode ser tratado no próprio consultório do dermatologista, com uma pequena cirurgia. O outro é o melanoma, que representa apenas 3% dos cânceres malignos da pele e é o mais grave, devido ao alto potencial de provocar metástase (a disseminação para outros órgãos). No caso, a cirurgia é o tratamento mais indicado, mas radioterapia e quimioterapia também podem ser utilizadas dependendo do estágio.


O efeito da radiação ultravioleta é acumulativo. Na prática, a luz ultravioleta atravessa a pele, chega nas células, lesiona o DNA e causa alterações que levam a um crescimento desordenado dessas células, o que dá origem ao câncer de pele. Para ajudar no diagnóstico precoce, explicam os especialistas, é necessário ficar de olho e procurar um médico se uma lesão na pele se enquadra nos chamados “critérios A, B, C, D e E”. O “A” está relacionado à assimetria da lesão. O “B”, a bordas irregulares. Já o “C” é referente a cores difusas, e o “D”, ao diâmetro, que deve ser superior a 6 milímetros.


Por último, deve-se levar em consideração o fator “E”, referente à evolução do quadro, como casos em que a lesão se modifica ao longo do tempo. “Costumo dizer que o melhor tratamento é o primeiro. É muito importante ter o diagnóstico correto e não fazer tratamentos paliativos. O câncer de pele é facilmente curado, a verdade é essa”, afirma ao FolhaPress, Flávio Luz, diretor médico do Centro de Cirurgia da Pele e professor de dermatologia da Universidade Federal Fluminense (UFF).


Ele afirma que o carcinoma basocelular (um dos tipos mais comuns) tem 98% de chance de cura quando diagnosticado precocemente e tratado em centros de referência, e que, mesmo o tipo mais complicado, tem um índice de cura enorme. Apesar do crescimento no número de diagnósticos e mortes em decorrência do câncer de pele no Brasil, especialistas acreditam que as pessoas ainda dão pouca importância aos cuidados com o maior órgão do corpo.

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