Com agressões a jornalistas, manifestação pró-governo repercute no Senado Federal

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A manifestação que reuniu apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em Brasília no domingo (3) repercutiu no Senado. O ato começou com uma carreata pela Esplanada dos Ministérios e terminou em frente ao Palácio do Planalto, onde pessoas se aglomeraram enquanto eram saudadas pelo presidente. Senadores repudiaram os atos que mais uma vez contaram com cartazes pró-intervenção militar e contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. Também se solidarizaram com profissionais de imprensa que relataram agressões por parte de um grupo de manifestantes. Outros parlamentares ressaltaram o caráter espontâneo da manifestação.

 

O senador José Serra (PSDB-SP) demonstrou indignação com os ataques relatados por jornalistas que cobriam a manifestação.


“Ontem, Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, presenciamos mais um lamentável episódio de agressão à imprensa por apoiadores do presidente. Ato covarde e violento contra a democracia”.

 

Jaques Wagner (PT-BA) lembrou que a agressão a profissionais de imprensa é uma marca de ditaduras e do totalitarismo e “merece contundente repúdio de todos que têm compromisso com a democracia”.

 

“É inaceitável que o cerceamento à liberdade de imprensa marque, no Brasil, justamente o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa”.

 

O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) chamou a atenção para o que ele classificou de “agressão selvagem a profissionais do jornalismo”.

 

“Se calarmos diante dessa ignorância prepotente estaremos anunciando caminhos tortuosos até o nosso amanhã”, apontou.

Líder da minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) se solidarizou com os jornalistas agredidos e manifestou preocupação com as mensagens antidemocráticas.

 

“Quem se cala frente a atos antidemocráticos e agressões aos profissionais da imprensa é cúmplice da escalada atual contra a democracia”, afirmou.

 

Para Fabiano Contarato (Rede-ES), o presidente Jair Bolsonaro estimula a violência contra a imprensa.

 

“Agridem jornalistas para intimidá-los! Acontece sob a liderança de um presidente que só prega o ódio! Violência jamais será liberdade de expressão! Os profissionais da imprensa têm meu apoio e solidariedade. Sigam firmes em sua missão de nos informar”, escreveu.

 

Tanto a liberdade de manifestação quanto a liberdade de imprensa devem ser respeitadas, defendeu o senador Plínio Valério (PSDB-AM) ao criticar as agressões.

 

“As agressões de manifestantes contra jornalistas ontem devem ser rigorosamente apuradas e punidas. Esse ato é um alerta para o perigo da intolerância. Assim como o direito dos manifestantes tem de ser respeitado, o mesmo deve acontecer com os jornalistas.

 

Já na avaliação de Arolde Oliveira (PSD-RJ), a manifestação é genuína e democrática.

 

“A percepção do povo no país é a mais genuína manifestação de democracia. Isso não é estimulado por Bolsonaro, é o povo indignado, com a postura de altas autoridades. Reflitam, ao invés de procurar culpados”, defendeu.

 

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) publicou no Twitter uma série de fotos e vídeos em apoio à manifestação e usou a hashtag #TodoPoderEmanaDoPovo.

 

“O povo brasileiro é gigante”, escreveu o senador.

 

Forças Armadas
Além de criticar as agressões a jornalistas, a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse que o presidente Jair Bolsonaro fomenta a instabilidade institucional com declarações sobre o apoio das Forças Armadas ao seu governo. Ela se referiu a uma fala do presidente durante ato, no dia em que o Brasil chegava ao número de mais de 100 mil pessoas contaminadas pela covid-19, com mais de 7.000 pessoas mortas, transmitida por meio de uma rede social.

 

“Os verdadeiros cidadãos de bem estão esgotados de, em meio a luto e dor de milhares de famílias, ainda terem que estar lidando com um presidente que teima em fomentar a instabilidade institucional. É extenuante lutar contra a pandemia com a crise política diária”, disse a parlamentar em seu perfil no Twitter.

 

Humberto Costa (PT-PE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também criticaram a fala do presidente sobre o apoio dos militares.

 

“Generais disseram que não há qualquer possibilidade de Exército, Marinha e Aeronáutica embarcarem em uma aventura antidemocrática. Bolsonaro está sozinho, navegando numa ilusão. É preciso, já, dar um basta a Bolsonaro”, escreveu Humberto Costa, que defendeu o impeachment do presidente.

 

Alessandro Vieira afirmou que Bolsonaro ainda não aprendeu a respeitar a democracia.

 

“Jair Bolsonaro passou uns 40 anos entre o Exército e a Câmara dos Deputados, está há mais de um ano na Presidência da República e ainda não aprendeu. Mas tem que aprender: democracia exige respeito e independência entre os poderes. Não se governa no grito. Golpe nunca mais”, afirmou.

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