Bolsonaro: Eduardo Leite “pode ter enfiado em outro lugar” verba da covid

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Caio Spechoto

O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse a apoiadores nesta 5ª feira (3.jun.2021) que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), “pode ter enfiado num outro lugar” os recursos enviados pelo governo federal para o combate à pandemia.

Um apoiador perguntou se Leite havia sido convocado para depor na CPI da Covid, colegiado do Senado que tem provocado desgaste político para o governo. O presidente insiste na investigação da condução da pandemia por governadores e prefeitos. Leite é pré-candidato à Presidência em 2022.  Bolsonaro respondeu:

“Não sei. Eu sei que o MP pediu para todos o destino do dinheiro. Tem governador que não encaminhou ainda. Não sei, não vou falar que ele fez mau uso do dinheiro. Pode ter enfiado num outro lugar, pode ser até legal, mas o dinheiro era para a saúde.”

Bolsonaro falou em frente ao Palácio da Alvorada depois de voltar de uma viagem fora de agenda para Formosa (GO), a 80 km de Brasília, onde assistiu a uma missa. Na volta, deu as declarações.

O apoiador, inicialmente, se referiu ao governador gaúcho como “Leite Moça”. Bolsonaro havia entendido que a pergunta era sobre o caso da compra de leite condensado pelo governo. Depois, o interlocutor citou o nome do tucano.

Não é a 1ª vez que Bolsonaro se vale de insinuações maliciosas ao se referir a Eduardo Leite. O governador gaúcho acionou a Justiça em abril depois de o presidente da República ter feito declaração semelhante.

O presidente da República também voltou a elogiar a ditadura militar. Um dos apoiadores disse a Bolsonaro que nunca antes do atual governo o Brasil havia tido um presidente patriota. “De 64 a 85 teve”, respondeu o mandatário.

Ele se referia ao período entre 1964, quando houve o golpe militar contra João Goulart, e 1985, quando José Sarney assumiu o governo, depois da eleição indireta.

Bolsonaro também disse que vetará o PL (projeto de lei) 5.829 de 2019 caso o Congresso o aprove. O texto permite a micro e minigeradores de energia cobrança menor dos encargos sobre a distribuição e está próximo de ser votado na Câmara. A principal controvérsia é sobre os efeitos sobre quem investe na geração de energia solar.

Em seguida, porém, indicou que seu veto será apenas uma atitude protocolar, que pode ser derrubada pelos deputados sem nenhum problema.

“Eu não quero taxação para vocês. Se aprovar lá, o pessoal sabe, eu veto. Se o pessoal derrubar o veto, paciência”, declarou o presidente.

O presidente da República pode vetar trechos de leis aprovadas pelo Legislativo, mas o Congresso pode não aceitar e restaurar o texto barrado. É o que na política se chama de “derrubar o veto”.

Quando o Congresso derruba um veto do presidente, fica politicamente responsável por ele. Bolsonaro usou no passado a tática de consentir com uma derrubada de veto para não ser responsabilizado pelo conteúdo da lei.

No 2º semestre de 2020 ele vetou trechos de projeto que perdoava dívidas tributárias de igrejas. Bolsonaro disse, à época, que as regras fiscais o obrigavam a vetar, sob pena de enfrentar um processo de impeachment.

“Confesso, caso fosse deputado ou senador, por ocasião da análise do veto que deve ocorrer até outubro, votaria pela derrubada do mesmo”, declarou.

O Congresso rejeitou o veto, efetivou o perdão dessas dívidas e Bolsonaro teve minimizado o desgaste com um dos setores da sociedade que mais o apoia.

Voo para o Pará

Na conversa no Alvorada, o presidente recebeu o pedido de um apoiador para que pudesse pegar carona em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para voltar de Brasília para o Pará. Bolsonaro negou o favor. Leia o diálogo:

Apoiador: Presidente! Presidente! Eu não tenho como voltar lá para o Pará. O senhor tem como me designar para ir lá para o Pará?

Bolsonaro: Não, eu não tenho nada aqui não.

Apoiador: Não… o pessoal da FAB… é que eu vim de busão, 3 dias…

Bolsonaro: Eu não posso, não encaminho não.

Apoiador: Pois é, só para ver…

Bolsonaro: Eu não encaminho não. Porque daí começa uma romaria de pedido aqui, complica meu lado.

Apoiador: Não tem um avião de carreira? Se abrir vaga… só se abrir essa possibilidade.

Bolsonaro: Eu não tenho controle do tráfego da Força Aérea. Se começar eu encaminhar daí vai fazer fila pedindo passagem aqui para mim.

Apoiador: Não, é só se tiver a possibilidade.

Bolsonaro: Vou ficar te devendo essa aí [veste o capacete, sobe na moto e se dirige à porta do palácio].

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